A inovação dos negócios na conquista de uma nova clientela e oferta de serviços não tão típicos, como uma creche para cães e uma loja para vender mangás e comics.
Caroline Socodolski
O mercado está sempre se renovando para atender novos clientes e demandas. Assim surgem negócios diferenciados com a proposta de ofertar produtos e serviços não muito comuns ou fáceis de serem encontrados. Para quem quiser pão, há uma padaria em qualquer lugar. Mas se o consumidor quiser um estabelecimento onde possa adquirir um pão fabricado com características especiais e específicas, ele terá que fazer alguma pesquisa.
Em Curitiba, é possível encontrar alguns negócios que se diferenciam por sua singularidade e ofertas não tão comuns. Um deles é o Pet Shop Príncipe e Princesa, localizado no Juvevê, onde há um serviço de creche para cães. Para não deixar o animal sozinho enquanto está fora, o dono pode levá-lo para a creche, onde o cão passará o tempo até que ele volte.
A proprietária Maria Eliza conta que ela e o marido sempre gostaram de animais, e viram a oportunidade de abrir o pet shop depois da aposentadoria. “Nosso desejo era abrir um pet shop nos moldes em que a gente gostaria que atendessem os nossos [animais]”, diz ela. Hoje o local conta com piscina de bolinha, TV com desenho animado e escorregador para os cães.
O espaço atende cães de pequeno a médio porte. Quanto a gatos, a proprietária declara ser mais difícil atender, pois estes podem escalar muros. Até a agora, nenhum felino foi levado à creche, embora haja uma procura para banho e tosa. Segundo ela, os cães que passam pela creche tendem a ficar mais sociáveis. Nunca houve uma briga, mas alguns animais têm problemas com outros. O convívio com seus ‘companheiros de creche’ ajudaria a inverter esse quadro e torná-los mais dispostos ao contato pacífico.
Outro negócio diferenciado é a Comic Shop Itiban, loja especializada em HQs (revistas em quadrinhos) e mangás (gibis de origem japonesa), no Rebouças. A loja completará 25 anos de funcionamento em outubro e seu nome, vindo do japonês, significa “primeiro”. Dentro dela, já foram realizados eventos com a presença de cartunistas e autores de algumas obras. No início de julho, por exemplo, aconteceu o lançamento da graphic novel Turma da Mônica – Laços. Nele, compareceram os autores Vitor e Lu Cafaggi – dois irmãos que desenharam e criaram o roteiro da história.
Muitos outros artistas já passaram por eventos semelhantes na Itiban, que somam mais de cinquenta. A loja também já recebeu artistas gráficos e escritores de outros países, como Argentina, Uruguai e Alemanha. “É como se fosse o lançamento de um escritor, em uma livraria”, explica o gerente Luiz Francisco Utrabo. Nessas ocasiões, um painel é aberto, para que os autores respondam as perguntas do público e, depois, realiza-se uma sessão de autógrafos. Há também um streaming (vídeo em tempo real) pela internet, para aqueles que não podem ir pessoalmente ao evento mas querem acompanhá-lo.
O carro-chefe do local são os mangás e HQs, mas peças de memorabília também são vendidas – produtos que remetem a uma determinada história, como o anel da obra (em livro e filme) O Senhor dos Anéis. Para Utrabo, há uma justificativa pelo fato da venda desse tipo de produto não ser tão comum: a maioria deles é importada, e o governo brasileiro impõe barreiras alfandegárias e tributárias que dificultam sua compra. “Nesses 25 anos, a gente só não cresceu mais porque não pudemos”, diz. Essas barreiras de importação também impedem a agilidade que outros países oferecem nesse tipo de mercado.