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O jornal da Biblioteca Pública do Paraná tem seu conteúdo focado para leitura, livros e difusão da cultura nacional
Ana Clara Tonocchi
Em agosto deste ano, o jornal Cândido, da Biblioteca Pública do Paraná (BPP) completará dois anos. A publicação trata principalmente sobre literatura e cultura, sempre trazendo colaboradores para completar o tema de cada edição.
O nome do jornal é uma homenagem ao endereço da BPP, situado na rua Cândido Lopes, centro de Curitiba. Luís Henrique Pellanda é o “pai” e responsável pela criação do jornal e conta que o objetivo era revitalizar a BPP, com um conteúdo envolvendo literatura, livros e difusão da cultura brasileira. “A única coisa que nós tínhamos era a ideia de um jornal de literatura que pudesse ser lido no país todo, e que falasse sobre questões de leitura e literatura, não ser apenas um informativo da biblioteca”, explica o jornalista.
A primeira edição do jornal teve uma tiragem de 5 mil exemplares e sua capa, foi dedicada a Paulo Leminski, pois a circulação do primeiro número do jornal aconteceu no mês do aniversário poeta. Atualmente, com o aumento de sua circulação e o bom aceito do público, a tiragem subiu para 10 mil exemplares.
Luiz Rebinski é o atual editor do Cândido e conta que os exemplares estão sendo distribuídos e acabando antes mesmo do final do mês. “Nossa distribuição é para todo o Brasil, por meio de um mailing. Todas as bibliotecas do Paraná recebem o jornal, além de escolas, universidades, museus, casas de leitura, entre outros pontos de cultura, como cafés e livrarias”, diz o jornalista.
Com 19 edições publicadas, todas as capas do Cândido são ilustradas. O jornal abre espaço para desenhos, tirinhas e uma linguagem plural e, para que o conteúdo se mantenha diversificado, os colaboradores escolhidos – para texto ou imagem – são de diversas linhas, conforme a pauta da edição. “Não temos um banco de colaboradores porque os nomes são escolhidos conforme os temas da edição. Se vamos falar de tradução, queremos um texto de um grande tradutor brasileiro.”, comenta Rebinski sobre o conteúdo.
Como o foco é a literatura nacional, mensalmente, o jornal publica alguns trabalhos de grandes escritores. Ignácio de Loyola Brandão, Adélia Prado, André Sant’Anna e Dalton Trevisan são alguns exemplos. É também um espaço para valorizar a literatura local. “Há um ano temos uma seção no jornal chamada “Em Busca de Curitiba”, em que autores paranaenses fazem uma ficção inspirada na Curitiba contemporânea. É um desafio pros autores, porque eles são instigados a produzir ficção inédita sobre a Curitiba atual, contemporânea, com suas qualidades e defeitos”, aponta Rebinski.
O jornalista também conta que que não existem publicações que sirvam de inspirações diretas para o Cândido: “Gosto muito do Suplemento Pernambuco, editado pelo Schneider Carpeggiani, mas ele é bem diferente do Cândido, com menos preocupação com a questão do livro/leitura”.
O jornal também traz uma abordagem diferente em relação a literatura. “Nosso diferencial é que o Cândido não publica resenhas e nosso foco é mais restrito à literatura, tanto ao que se produz aqui, quanto nos outros estados. Já os cadernos diários de cultura, que contém conteúdos semelhantes, têm uma forma diferente de tratar as matérias. “Sem contar que são tempos nebulosos para a cultura, tais cadernos estão sendo extintos”, explica o editor.
Luís Pellanda criou e apostou tanto em um jornal do gênero por acreditar que o público curitibano nunca esteve tão pronto para tal. “Nunca tivemos tanto dinheiro, leitores e nem tantas editoras dispostas a publicar literatura brasileira”, comenta. Por isso, vida longa ao Cândido.